A Video Games Europe, em colaboração com associações da indústria dos videojogos da Austrália, Canadá, Coreia do Sul e Estados Unidos, publicou este mês o relatório Power of Play 2025. O estudo, um dos maiores inquéritos globais sobre videojogos, envolveu mais de 24 mil jogadores ativos (com 16 anos ou mais) em 21 países, incluindo Brasil, França, Japão, Nigéria, Espanha e Reino Unido.
O objetivo foi avaliar os benefícios sociais, emocionais e cognitivos associados à prática regular de videojogos. Os dados recolhidos foram complementados por investigação académica revista por pares.
Jogar para relaxar, conectar e estimular a mente
A principal motivação para jogar continua a ser o entretenimento. Globalmente, 66% dos jogadores apontam a diversão como razão principal, seguida pelo alívio do stress (58%) e pela estimulação mental (45%). Na Europa, os números são semelhantes: divertir-se (67%), aliviar o stress (55%) e manter a mente ativa (42%).
Os videojogos são também vistos como uma ferramenta para o bem-estar emocional. A nível mundial, 77% dos jogadores dizem sentir menos stress ao jogar, 70% referem redução da ansiedade e 64% afirmam que os videojogos ajudam a combater a solidão. Na Europa, 72% relatam menos stress e 56% reconhecem o impacto positivo na redução da solidão.
Competências úteis além do ecrã
Metade dos participantes considera que jogar teve um impacto positivo na sua formação profissional, tanto a nível técnico como comportamental. Além disso, 43% afirmam que os videojogos influenciaram decisões educativas ou de carreira.
As competências mais desenvolvidas através dos videojogos incluem:
- Criatividade (77%)
- Resolução de problemas (76%)
- Colaboração (74%)
- Adaptação (72%)
- Pensamento crítico (71%)
- Comunicação (67%)
Na Europa, os destaques vão para criatividade (73%), resolução de problemas (72%) e capacidade de adaptação (70%). Mais de metade dos jogadores (54%) também reconhece que os videojogos desportivos melhoraram o seu desempenho em atividades físicas reais.
Relações sociais fortalecidas pelo jogo
Os videojogos são vistos como uma forma eficaz de criar e manter relações. Cerca de 62% dos jogadores acreditam que o jogo promove conexões sociais positivas. Entre os mais jovens (16-35 anos), 67% dizem ter conhecido amigos ou parceiros através dos videojogos, e 73% referem sentir-se menos isolados graças à interação proporcionada pelo jogo.
O impacto familiar também é relevante: 55% dos jogadores afirmam que os videojogos melhoraram a relação com os filhos, e 68% jogam presencialmente com eles pelo menos uma vez por mês.
Perfil global dos jogadores
O jogador médio tem 41 anos, com uma distribuição equilibrada entre homens (51%) e mulheres (48%). Em países como Brasil e África do Sul, há mais mulheres a jogar do que homens.
A maioria prefere jogar em dispositivos móveis (55%), sendo os géneros de ação e quebra-cabeças os favoritos em quase todos os países analisados.
Vozes da indústria
Simon Little, CEO da Video Games Europe, sublinha que “mais de metade da população europeia joga videojogos” e que os dados do relatório mostram “benefícios claros e globais: conexão social, bem-estar mental e emocional, inclusão e desenvolvimento de competências importantes”.
Tiago Sousa, Diretor Geral da AEPDV, reforça que “os videojogos são muito mais do que entretenimento” e que “podem contribuir para uma sociedade mais conectada e saudável”.