O estudo “Hábitos de Jogo Online dos Portugueses“, promovido pela Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO) e conduzido pela AXIMAGE, revela que 40% dos portugueses continuam a utilizar plataformas de jogo não licenciadas. Entre os mais jovens (18-34 anos), esse número sobe para 43%.
Apesar dos alertas e medidas propostas nos últimos anos, a percentagem de utilizadores em sites ilegais mantém-se estável desde 2022. Quatro operadores sem licença figuram entre os 15 mais utilizados, ultrapassando marcas autorizadas a operar em Portugal. Algumas destas plataformas já se destacavam na primeira edição do estudo, em 2019, e continuam no topo em 2026.
Ricardo Domingues, presidente da APAJO, considera urgente uma resposta coordenada:
“São já vários anos sem qualquer sinal de melhorias no que toca a proteger os consumidores do jogo ilegal. Lançamos um repto ao Governo, à Assembleia da República, aos reguladores e aos restantes stakeholders para que 2026, ano do 10.º aniversário dos operadores licenciados, marque uma viragem efetiva.”
Medidas propostas para 2026
A APAJO definiu seis objetivos concretos para combater o jogo ilegal:
- Bloquear métodos de pagamento portugueses (Multibanco, MBWay, Pay by Bank) em sites não licenciados.
- Impedir o uso de cartões de crédito em plataformas ilegais.
- Proibir a promoção de operadores ilegais por influenciadores, criadores de conteúdo e meios nacionais.
- Remover operadores ilegais dos motores de busca, plataformas de IA e redes de publicidade programática.
- Implementar um sistema de monitorização e bloqueio rápido de sites e apps ilegais.
- Reforçar a oferta de funcionalidades no mercado licenciado, respondendo às preferências dos jogadores.
A associação compromete-se a apresentar propostas concretas nos próximos meses e a colaborar com todas as entidades envolvidas.
O que leva os jogadores a escolher plataformas ilegais?
Segundo o estudo, os principais motivos são:
- Odds mais competitivas
- Bónus promocionais
- Maior diversidade de jogos
Entre os produtos e funcionalidades que os utilizadores gostariam de ver nas plataformas licenciadas destacam-se:
- Apostas desportivas mais variadas
- Cashout completo
- Betbuilder (combinação de apostas no mesmo jogo)
- Buy bónus nas slot machines
- Casino ao vivo
- Desportos virtuais e e-sports
- Póquer com liquidez internacional
Por outro lado, quem aposta em operadores licenciados valoriza sobretudo:
- Segurança (57,5%)
- Apoio ao cliente (37%)
- Rapidez nos levantamentos (32,2%)
Frequência e gastos: quem joga mais?
Os utilizadores de plataformas ilegais jogam com maior frequência e gastam mais. Apenas 6% dos que usam exclusivamente operadores licenciados gastam mais de 100€ por mês, enquanto entre os que apostam em sites ilegais esse valor sobe para 26%.
As principais vias de acesso aos operadores não licenciados são:
- Recomendações de amigos (42,1%)
- Redes sociais (36,8%)
- Televisão (26,3%)
- Motores de busca (15,8%)
O estudo aponta ainda para uma perceção distorcida por parte dos consumidores. Embora 40% joguem em plataformas ilegais, apenas 25% admitem fazê-lo. Cerca de 61% dos utilizadores que apostam em sites não licenciados não têm consciência de que o fazem.
Satisfação e jogo responsável
Entre os jogadores que utilizam apenas plataformas licenciadas, 79% estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a experiência. Além disso, 81% conhecem as ferramentas de jogo responsável, e 40% já recorreram a funcionalidades como limites de aposta e de depósito.
O estudo, realizado em junho de 2025 com base em 1008 entrevistas a utilizadores registados em plataformas de jogo online com prémios em dinheiro, pretende contribuir para uma evolução sustentável do setor, com foco na segurança de quem joga.





