O Grupo IPG Mediabrands divulgou as conclusões do estudo “Alphaverso – Descodificando a geração do futuro“, que analisa os interesses e comportamentos das crianças portuguesas face à tecnologia, aos media e às marcas. Focando-se na geração Alpha, nascida após 2010, o estudo desmonta mitos sobre o seu uso da tecnologia, demonstrando uma realidade mais diversificada.
Quatro perfis digitais
Apesar de crescerem num ambiente altamente digital, as crianças desta geração não se limitam ao uso de ecrãs. O estudo identificou quatro perfis distintos, que refletem diferentes formas de interação com a tecnologia:
- Thrill Seekers – procuram desafios e adrenalina através de videojogos e conteúdos audiovisuais.
- Theme Enthusiasts – exploram os seus interesses através de plataformas digitais, conectando-se com comunidades online.
- Creative – usam a tecnologia para desenvolver expressão artística, consumindo e criando conteúdos.
- Socializers – valorizam o digital para fortalecer laços e manter contacto com amigos e familiares.
Equipamentos mais utilizados
A televisão e o smartphone continuam a ser os dispositivos preferidos e mais utilizados. O uso de telemóveis de familiares torna-se mais frequente aos 8 anos, enquanto o acesso autónomo ou com equipamento próprio ocorre, em média, aos 10 anos.
Hábitos de consumo digital
O estudo aponta uma forte presença dos meios digitais na rotina infantil. A maioria das crianças:
- Usa a internet (92%)
- Vê televisão (88%)
- Faz videochamadas (83%)
- Assiste a vídeos online (80%)
O consumo torna-se mais autónomo a partir dos 10 anos, com plataformas como YouTube, TikTok e WhatsApp a liderarem as preferências.
Controlo parental e segurança
Apesar da independência digital crescente, os pais monitorizam o acesso às tecnologias. Apenas 14% das crianças jogam videojogos sem supervisão, revelando uma maior preocupação em relação ao impacto dos jogos.
Além disso, os pais adotam medidas para controlar conteúdos, refletindo um equilíbrio entre permitir o acesso ao digital e garantir segurança.
Influência das crianças na família
As crianças não apenas utilizam tecnologia, mas também influenciam o consumo dos adultos. Especialmente os meninos mais velhos, que introduzem novas tendências tecnológicas aos familiares, reforçando a importância da digitalização no ambiente doméstico.
Reflexões finais
Para Rui Almeida, Diretor de Insights do Grupo IPG Mediabrands, o estudo destaca que a tecnologia tem um papel fundamental no entretenimento, inspiração e socialização das crianças. O desafio para marcas e empresas será adaptar estratégias aos diferentes perfis digitais, garantindo abordagens relevantes e alinhadas com as expectativas das crianças e dos seus pais.
O estudo “Alphaverso – Descodificando a Geração do Futuro”, realizado em 2024 pela Mediabrands com apoio do Google e IPSOS Apeme, analisou o consumo de media e a relação das crianças portuguesas com a tecnologia. Abrangendo menores entre os 6 e os 14 anos, investigou rotinas, interesses, uso de equipamentos e ligação a conteúdos e marcas. A metodologia combinou abordagens qualitativas (entrevistas e visitas etnográficas) e quantitativas (inquéritos a 600 famílias) para compreender hábitos digitais e influência no consumo familiar.