A Randstad Global publicou um novo relatório sobre o comportamento da Geração Z no mercado de trabalho. O documento – “The Gen Z Workplace Blueprint: Future Focused, Fast Moving” – analisa as escolhas profissionais dos jovens nascidos entre 1997 e 2012, a primeira geração totalmente digital.
Nos primeiros cinco anos de carreira, os Gen Z mantêm-se em cada emprego durante uma média de 1,1 anos. Este valor é inferior ao dos Millennials (1,8 anos), da Geração X (2,8) e dos Baby Boomers (2,9). Apesar da rotatividade, 85% dos jovens dizem que tomam decisões com base em objetivos de longo prazo.
O relatório aponta que esta mobilidade não está ligada à falta de compromisso, mas sim à ausência de caminhos claros de progressão. A redução de oportunidades de entrada é um dos fatores principais: desde janeiro de 2024, os anúncios para funções júnior caíram 29% a nível global. Os setores mais afetados são tecnologia (-35%), logística (-25%) e finanças (-24%).
A progressão na carreira é o segundo motivo mais citado para mudar de emprego, logo a seguir ao salário. Atualmente, 52% dos jovens estão à procura ativa de novas oportunidades e apenas 11% planeiam manter-se a longo prazo na função atual.
Apesar de se sentirem à vontade com ferramentas digitais – 79% dizem aprender novas competências rapidamente – muitos revelam insegurança em relação ao futuro profissional. Cerca de 41% não têm confiança para encontrar outro emprego e 44% admitem que o cargo atual não corresponde ao que idealizam.
Outro dado relevante é o número de jovens com atividades paralelas. Apenas 45% têm um único emprego a tempo inteiro. Muitos combinam o trabalho principal com projetos adicionais, seja por necessidade financeira ou por vontade de explorar outras áreas.
IA: ferramenta de trabalho e fonte de preocupação
A Geração Z é a que mais recorre à Inteligência Artificial (IA) no contexto profissional:
- 55% usam IA para resolver problemas no trabalho.
- 50% recorrem à IA na procura de emprego.
- 75% utilizam IA para aprender novas competências.
Estes valores são superiores aos registados nas gerações anteriores. No entanto, o impacto da IA também levanta dúvidas: 46% dos jovens temem que a tecnologia afete negativamente as suas carreiras, um aumento face aos 40% registados em 2023.
O acesso à formação em IA continua desigual. Segundo o relatório, 46% dos homens receberam formação nesta área, enquanto apenas 38% das mulheres tiveram essa oportunidade.
Para Isabel Roseiro, Diretora de Marketing da Randstad Portugal, as empresas devem adaptar-se às novas expectativas: “Cabe às organizações criar percursos de carreira claros, programas de desenvolvimento inclusivos e estratégias de aprendizagem digital que ajudem os jovens a crescer e a permanecer mais tempo nas equipas.”